quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Das bebidas, dos cigarros e dos abraços


A chuva e a neblina e nem o sono atrapalhavam o correr pela estrada logo de manhã. Os carros se cruzavam e a sonoridade das buzinas animavam aquelas pessoas prontas para a festa do fim de semana. As primeiras horas foram seguidas de poucas palavras, apesar do interesse em falar. As paisagens verdes das serras e amareladas dos campos de plantação inspiravam palavras a serem ditas e escritas por um forasteiro vindo de longe. As marcas da terra tinham um cheiro forte, assim como o calor do lugar e o calor das pessoas.

Na chegada, numa cidade pequena, daquelas do interior, de quilômetros percorridos e de lugares perdidos na memória, os corações disparavam. A surpresa estava pronta. A alegria transparecia nos rostos daqueles festeiros. Todos fardados. Todos de preto. Nada de luto, coincidência que gerava piadas e risadas. A cada um, um abraço de boas vindas. A cada um, um copo pra brindar aquele momento.

A mesa, fartura exposta. A comida e a bebida. Os copos, os cachorros, os latidos, a música alta. Era assim aquela festa sem motivo aparente. Apenas uma reunião de novos e velhos amigos. Um encontro para beber e consumir a felicidade. Para conhecer, descobrir pessoas e histórias. Um momento para dançar e cantar. Para poesia. Para abraçar. Para presentear. Para discutir política, para discutir amor e vícios.

Das saias levantadas, dos cigarros fumados e das garrafas esvaziadas pela sede sem fim. Foi-se o dia. Veio a noite. Vieram as lágrimas soltas pelo efeito do álcool, vieram as declarações de amor. Não se sabe ao certo que palavras foram ditas por aquelas pessoas. Foram palavras, apenas. Ouvidas ao som de alguma música ou de alguma conversa paralela ou de alguma câmera fotográfica que registrava tudo.

Naquele chão vermelho ficaram as pegadas dos pés descalços. Na cidade, os homens de preto chamavam atenção. Do almoço, elogios. Do texto lido, agradecimentos, seguidos de abraços e algumas lágrimas. Da reflexão a saudade, fotos de frente e de costas. O Eu fui! sempre será recordado. Da camisa, usada por dois dias, o cheiro dos perfumes das pessoas. Da despedida, sentimentos firmados, alcançados e retribuídos. De volta a estrada, as mesmas paisagens, iluminadas pelo sol forte de domingo e um silêncio. Cansaço.

E eles eram felizes naqueles dias. E são felizes ao lembrar aqueles dias. E felizes são, pois outros momentos como aqueles serão planejados. E serão, novamente, felizes.

   

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