sábado, 17 de abril de 2010

Chuva que não passa

Quando chove, me lembro de como era feliz na infância. Não que não seja agora, mas é diferente. A vida mudou, o mundo passou por transformações e eu mais ainda. Perdi aquela inocência de criança. Sou mais áspero, às vezes egoísta. A chuva incomoda. Deixa tudo tão sujo, as ruas, as pessoas, os carros. Mas minha alegria ainda mantém esta inocência. Não preciso mais dela, tenho meus problemas para me consumirem o quanto quiserem.

A chuva está tão sozinha no mundo. Acontece tão inesperadamente. As conversas são mais pesadas, os assuntos mais sérios e os dramas irrelevantes para o outro. E a chuva atinge tão igualmente a todos. Nem precisamos ser diferentes. Diferentes assim sejamos só na alma.

Mas a chuva vem e passa. Molha e encobre o tempo. Nublado meus pensamentos enquanto chove. A solidão parece estar tão perto e percebo que preciso do outro. Aquele que vem e passa como a chuva. Aquele que a gente ama e só isso. Amar a chuva, amar o outro. E a chuva passa e será que o outro passa?

O futuro a mim não pertence. É como a chuva, chega inesperadamente. Ela passa seja forte ou fraca. O amor talvez dure, talvez não. Como a chuva, não sabemos, não prevemos. Apenas vivenciamos sem poder explicar o porquê de tamanha imprecisão. Por isso que quando chove, me lembro do outro, da inocência.