segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O leva e traz do sol


Naquele dia o garoto franzino queria fazer algo diferente. Sair do trabalho e enfrentar o trânsito de volta para casa não seriam o que ele ia fazer. Decidira descer até a praia e tentar ver o por do sol. Precisava entrar em contato com a cidade e terminar o dia com outra visão. Se não fosse o amor da vida dele que ao menos fosse o sol se pondo.

Lá se fora ele e com dez minutos de caminhada estava na praia. No meio daquela gente toda ainda se sentia sozinho. E estava. Apesar do turbilhão de pensamentos ele estava definitivamente sozinho. Nunca fora uma pessoa com uma multidão no seu encalço, mas naquele momento se sentia mais sozinho do que nunca. Sensação estranha.

Sentir a brisa bater no rosto e assanhar os cabelos e ouvir o barulho do mar batendo nas pedras salientes nunca foram tão reconfortantes. Preenchia pouquinho aquele vazio e aqueles pensamentos de outrora. Um tempo que passa rápido, um tempo que corre no balançar das ondas. O sol logo se pôs. E lá estava o garoto franzino vendo aquelas cores do céu.

Pedia pra levar o dia junto ao sol. Pedia pra levar os pensamentos do presente. Pedia apenas. Era a vontade dele. Vontade de se desfazer daqueles sentimentos. Não queria mais viver aquilo. Queria sentir os bons pensamentos de antes. Sentir o já sentido. Era difícil pra ele e sol estava ali se pondo para levar o dia junto.

O sol levaria e traria. Ele sempre faz isso. Leva e traz. Um dia após o outro e o sol brilha do mesmo jeito. Ele poderia renovar as esperanças e consigo novas esperanças trazer de presente. O garoto franzino pedia. Pedia tudo de uma vez como jamais pediu. E o sol levou naquele momento. Levara tudo, inclusive pensamentos.

*Escrito dia 3 de julho de 2012 

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