domingo, 22 de julho de 2012

Tudo solto na cabeça

Nunca ele bebera tanto naquela tarde de sol. Passava pelo uísque, cerveja, vodca e não cansaça de beber. Para ele, beber era uma forma de esquecer os problemas, pessoas, lembranças. Claro que não conseguiria. A bebida lhe trazia alegria para aquele momento. Depois ele voltaria a si e perceberia que nada mudara desde então.

Naquela tarde pensava em esquecer. Esquecer apenas. Por que não daria certo? Ele se perguntava. Não dava certo mesmo. Mas continuara bebendo, enchendo a cara pelos bares. Fazendo amigos de cinco minutos, amizades de copo e de bar.

Voltaria para casa pensando. A barriga pesava. A cabeça cheia. Cheia de pensamentos. Tudo solto. Os pensamentos bolavam lá dentro. Eram eles batendo. Eram as lembranças, as pessoas, os causos. Era a bebida fazendo o efeito reverso. Estava tudo solto e era isso apenas que ele sabia. Como um pote de cerâmica cheio de bugigangas.

Ele prometera, meio zonzo ainda, colocar as quinquilharias no seus devidos lugares. Faria isso andando de bar em bar, rua por rua, cidade por cidade. Sairia ele do canto e poria os objetos da cabeça nos lugares que ele achava que mereciam ficar.

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